Nunca imaginei que ao
comprar um computador mudaria a minha
vida. Aos 35 anos eu me senti obrigada a entrar no curso de computação, pois
queria entrar no Orkut e não conseguia. Fiz quatro meses de curso, que no começo não faltava uma aula,
mas com o passar do tempo eu já estava sabendo mais do que o próprio professor
e confesso que é era desmotivador. Mas mesmo assim continuei indo, afinal foram
12 prestações de duzentos e vinte reais, não podia jogar fora.
Entrei no Orkut e até
aprendi a mudar a cor ( risos) , acabei participando de vários grupos, um deles
se chamava : A tonga da mironga do
kabuletê. As pessoas na comunidade eram meio revoltadas, era bem estranho e ao
mesmo tempo engraçadas porque usavam uns termos que eu nunca tinha ouvido,
fui me misturando e usando termos que inventava. Dai entendi que aquelas
palavras estranhas eram inventadas pelos próprios, achei tudo o máximo e fui
até fui coroada como a Marechal
Luquelma. Ah eu também não usava meu nome verdadeiro, muito menos a
minha foto, ser irreal aumentava o meu ego .Lá na Mironga eu podia ser a
Marechal Luquelma que sempre sonhei.
Passavas horas e horas em
discursões sobre por qual motivo alguém acordava cedo aos domingos. Assuntos
esdrúxulos, porém tão necessários para o nosso dia a dia de Kabutelês. Certa
vez marcamos de nos encontrar para poder levar essas discursões a fundo, de
inicio achei uma ideia nada atraente, mas aos poucos fui me acostumando que
talvez fosse uma ótima oportunidade para expressar todo o meu eu reprimido.
Tenho 37 anos e tenho apenas um cachorro como companhia, meus vizinhos me acham
louca porque eu falo sozinha e a minha família... não tenho família. Triste fim
para mim. Resolvi ir nesse encontro , ao chegar no bar, me senti uma
adolescente estava a mil de emoção, afinal nunca tinha entrado em um. A cada
passo que eu ficava mais tensa, agitada e o medo aumentava, pois não
conhecia nenhum membro do grupo, até que vi uma placa bem grande “ Os
Mirongueiros” Tinha umas sete pessoas
ali, quatro mulheres aparentemente estranhas e três homens nada bonitos, sentei
e me apresentei “ Oi, eu sou a Marechal Luquelma, estou estranhamente
“alegrimiazia” por vocês”. Todos me olharam estranhamente e depois caíram na
gargalhada, e então descobri que ali era o meu lugar.A minha historia é estranha,
as vezes paro e penso como pessoas de um grupo estranho podem me fazer sentir
viva, a único que conseguia isso era o meu cachorrinho, que depois morreu, coitado!
Bom entendi que me sentia assim, pois todas aquelas pessoas eram nada menos que
eu mesma, o meu eu, refletido na vida de
outras. A Tonga da Mironga do Kabutelê me trouxe muitas vitorias, hoje sou
livre e posso ser quem eu quero ser.
Abaixo vídeo da música A Tonga da Mironga do Kabuletê
0 Response to "A Tonga da Mironga do Kabutelê"
Postar um comentário